segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Da roça para a Medicina

Menino humilde que sempre viveu na roça conquista o sonho de ser médico



MENINO 600 X 500A história de Luciano é prova de que não se deve desistir dos seus sonhos, não importa o quão longe ele pareça estar. 

Medicina é uma faculdade muito procurada pelos jovens, alguns pelo retorno financeiro, outros pelo amor. No entanto, é um curso extremamente caro, e muitas pessoas não têm condição de pagar.
A história que vamos contar hoje é do Luciano Carlos, 25. Desde criança ele sempre trabalhou na roça com seus pais e teve que superar muitos obstáculos para conquistar seu sonho. No roçado, ele plantava e cultivava hortaliças e legumes. "Não tínhamos outra opção", conta Luciano.

Da roça ao consultório: conheça a história do agora 'doutor' Luciano Carlos

O agora médico Luciano Carlos, 25, seria apenas mais um a se formar, no último fim de semana, em medicina pela Uespi (Universidade Estadual do Piauí), não fosse o desafio de chegar ao diploma após conciliar os estudos com o trabalho na roça, desde criança, e a falta de dinheiro para se manter em curso na capital.
Luciano nasceu e cresceu no pequeno povoado rural Caatinga Branca, em Valença do Piauí (a 216 km de Teresina). Aos sete anos, começou a trabalhar na roça. "Nessa idade eu não fazia nada que eu não podia fazer, meu pai não deixava. Era mais só para acompanhar. A partir de dez, 12 anos já fazia quase tudo", conta o médico.
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No roçado, ele plantava e cultivava hortaliças e legumes. "Não tínhamos outra opção", diz, contando que seus pais e dois irmãos ainda vivem na roça.
Luciano começou a estudar, aos seis anos, na Unidade Escolar Ulisses Vale Veloso, na zona rural do município. Foi lá que concluiu o ensino fundamental. Já o ensino médio foi feito à noite em uma escola pública - a Maria Antonieta- na zona urbana, na zona urbana. Em 2008, concluiu os estudos colegiais e iniciou a batalha pela tão desejada vaga na faculdade de medicina.
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Em 2009, ele resolveu se dedicar aos estudos em casa. "Estudava com apostilas e livros. Apesar de ter focado no estudo individual, ainda participei, durante quatro meses, de um curso pré-vestibular, mas que só ocorreu no primeiro semestre - no segundo ele fechou, faliu. Em resumo: quase não tive proveito com curso preparatório", conta.
Então, no final desse mesmo ano veio a notícia da aprovação por cota no curso de medicina. O garoto também passou em outro vestibular para Administração e um concurso do Banco do Brasil. O jovem estava longe da capital, mas tinha esperanças para dar e vender. E foi assim que Luciano conseguiu estudar medicina na Universidade Estadual do Piauí.
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"Fiz provas de vestibulares, mas não fui aprovado", lembra, mencionando que chegou a fazer um cursinho pré-vestibular por três meses oferecido pelo governo do Estado.
Ajuda no curso
A aprovação foi apenas o primeiro desafio. Apesar de ingressar em uma faculdade gratuita, a falta de recursos para custear sempre foi suprida pela solidariedade -- que o fez se manter na universidade.
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"Durante todo o curso tive sempre o apoio de amigos, familiares e colegas de turma. Meu sustento era tirado da ajuda da minha família, de uma entidade filantrópica e de estágios remunerados. Além disso, recebi doações de livros e apostilas durante o curso", cita.
Ele diz que durante todo o período vai carregar uma lembrança especial: "o carinho e respeito que sempre tive dos meus colegas". "Outro fato que me deixará lembranças é eu ter sido líder de turma durante quase toda a graduação", lembra.
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A formatura oficial veio no dia 10 de maio. Os eventos de formatura, porém, só ocorreram na semana passada. Já com diploma há quatro meses, o 'doutor' Luciano hoje trabalha em uma Unidade Básica de Saúde de Teresina e dá plantões em hospitais da capital piauiense.
Após o ajuste financeiro de primeiros meses com salário, promete retribuir aos pais tudo que recebeu durante a vida. "Assim que as coisas começarem a se equilibrar -- o que, com fé em Deus, acontecerá em breve -- passarei ajudá-los diretamente", conta, sem esconder a emoção ao falar dos pais.

Futuro profissional

A rotina corrida de trabalho deve ter uma pausa no próximo ano. Ele vai tentar ingressar residência em otorrinolaringologia, em primeira hipótese, e clínica médica com subespecialização em cardiologia.
"Meu foco é passar em uma residência médica este ano, que poderá ser em algum lugar do Brasil. As provas de residência ocorrem no quarto trimestre do ano. Vou tentar aqui, no Piauí; e no Ceará, em São Paulo, Minas Gerais e, provavelmente, em mais algum Estado do Nordeste", afirma.
Depois do curso, ele promete retornar ao Piauí. "Possivelmente volto a Valença para o exercício da profissão", promete.
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Com o diploma há quatro meses, o doutor Luciano hoje trabalha em uma Unidade Básica de Saúde de Teresina e dá plantões em hospitais da capital piauiense.
O Luciano ainda depende de transporte público para ir ao trabalho, mas faz questão de mostrar que seus objetivos não acabaram ali: "Assim que as coisas começarem a se equilibrar, o que com fé em Deus, acontecerá em breve, passarei ajudá-los diretamente", conta o jovem sem esconder a emoção ao falar dos pais.
A história de Luciano é prova de que não se deve desistir dos seus sonhos, não importa o quão longe ele pareça estar. Se você tiver força de vontade e determinação, vai conseguir. Parabéns Luciano por sua força e dedicação inspiradoras!
Por Carlos Madeiro
Fonte: educacao uol

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