"É lícito afirmar que são prósperos os povos cuja legislação se deve aos filósofos". (Aristóteles)
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Recebi este email e o posto aqui não posso confirmar a veracidade do mesmo quanto a ter sido uma carta recebida pelo dito jornalista porém por seu conteúdo já de todo proveitosa.
Quem é mais rico?
O Brasil ou os EUA ?
Carta recebida por Alexandre Garcia
( comentarista da rede Globo )
enviada por um amigo Americano.
Segue a carta:
" Caros amigos brasileiros e " ricaços "
Voces
brasileiros pagam o dobro do que os americanos pagam pela água que
consomem, Embora tenham água doce disponível, aproximadamente 25% da
reserva mundial de água Doce está no Brasil.
Voces
brasileiros pagam 60% a mais nas tarifas de telefone e eletricidade.
Embora 95% da produção de energia em seu país seja hidroelétrica ( mais
barata e não poluente ).
Enquanto
nós, pobres americanos, somente podemos pagar pela energia altamente
poluente, produzidas por usinas termelétricas à base de carvão e
petróleo e as perigosas usinas Nucleares.
E por falar em petróleo...
Voces
brasileiros pagam o dobro pela gasolina, que ainda por cima é de má
qualidade, que acabam com os motores dos carros, misturas para
beneficiar os usineiros de álcool. Não dá para entender, seu país é
quase auto-suficiente em produção de petróleo (75% é produzido aí) e
ainda assim tem preços tão elevados. Aqui nos EUA nós defendemos com
unhas e dentes o preço do combustível que está estabilizado a vários
anos US$ 0,30 ou seja R$ 0,90 Obs: gasolina pura, sem mistura.
E por falar em carro...
Voces
brasileiros pagam R$ 40 mil por um carro que nos nos EUA pagamos R$ 20
mil. Voces dão de presente para seu governo R$ 20 mil para gastar não se
sabe com que e nem aonde, já que os serviços públicos no Brasil são um
lixo perto dos serviços prestados pelo setor público nos EUA. Na
Flórida, caros brasileiros, nós somos muito pobres; o governo estadual
cobra apenas 2% de imposto sobre o valor agregado (equivalente ao ICMS
no Brasil) , e mais 4% de imposto federal , o que dá um total de 6%.
No Brasil voces são muito ricos, já que afinal concordam em pagar 18% só de ICMS.
E já que falamos de impostos...
Eu
não entendo porque voces alegam serem pobres, se, afinal, voces não se
importam em pagar, além desse absurdo ICMS, mais PIS, CONFINS, CPMF,
ISS, IPTU, IR, ITR e outras dezenas de impostos, taxas e contribuições,
em geral com efeito cascata, de imposto sobre imposto, e ainda assim
fazem festa em estádios de futebol e nas passarelas de Carnaval . Sinal
de que não se incomodam com esse confisco maligno que o governo promove,
lhes tirando 4 meses por ano de seu suado trabalho.
De
acordo com estudos realizados, um brasileiro trabalha 4 meses por ano
somente para pagar a carga tributária de impostos diretos e indiretos.
Segue...
Nós
americanos lembramos que somos extremamente pobres, tanto que o governo
isenta de pagar imposto de renda todos que ganham menos de US$ 3 mil
dólares por mês (equivalente a R$ 9.300,00), enquanto aí no Brasil os
assalariados devem viver muito bem, pois pagam imposto de renda todos
que ganham a partir de R$ 1.200,00. Além disso, voces tem desconto
retido na fonte, ou seja, ainda antecipam o imposto para o governo, sem
saber se vão ter renda até o final do ano. Aqui nos EUA nos declaramos o
imposto de renda apenas no final do ano, e caso tenhamos tido renda, ai
sim recolhemos o valor devido aos cofres públicos. Essa certeza nos
bons resultados futuros torna o Brasil um país insuperável.
Aí
no Brasil vocês pagam escolas e livros para seus filhos, porque afinal,
devem nadar em dinheiro, e aqui nos EUA, nós, pobres de país americano,
como não temos toda essa fortuna, mandamos nossos filhos para as
excelentes escolas públicas com livros gratuitos. Vocês, ricaços do
Brasil, quando tomam no banco um empréstimo pessoal, pagam POR MÊS o que
nos pobres americanos pagamos POR ANO.
E por falar em pagamentos...
Caro
amigo brasileiro, quando voce me contou que pagou R$ 2.500,00 pelo
seguro de seu carro, aí sim eu confirmei a minha tese: vocês são podres
de rico!!!!!!
Nós
nunca poderíamos pagar tudo isso por um simples seguro de automóvel.
Por meu carro grande e luxuoso, eu pago US$ 345,00. Quando você me disse
que também paga R$ 1.700,00 de IPVA pelo seu carro, não tive mais
dúvidas. Nós pagamos apenas US$ 15,00 de licenciamento anual, não
importando qual tipo de veículo seja. Afinal, quem é rico e quem é pobre
?
Aí
no Brasil 20% da população economicamente ativa não trabalha. Aqui, não
podemos nos dar ao luxo de sustentar além de 4% da população que está
desempregada.
Não é mais rico quem pode sustentar mais gente que não trabalha ???
Comentários:
Caro
leitor, estou sem argumentos para contestar este ianque. Afinal, a moda
nacional brasileira é a aparência. Cada vez mais vamos nos convencendo
de que não é preciso ser, basta parecer ser. E, afinal, gastando muito, a
gente aparenta ser rico. Realmente é difícil comparar esta grande nação
chamada EUA que desde o seu descobrimento teve uma colonização de
povoamento, com nosso país que foi colônia de exploração por mais de 300
anos, com nossas riquezas sendo enviadas para Portugal. E hoje ainda
sofremos com essa exploração, só que dos próprios governantes que pilham
e enviam nossas riquezas para suas contas bancárias em paraísos
fiscais. E não fazemos nada para promover uma mudança radical de
atitudes, conceitos e afirmação de nossa dignidade. Precisamos sair
deste comodismo que estamos vivendo ou o sonho do País do futuro será
apenas um ideal na boca dos demagogos que estão no poder.
Assina: Alexandre Garcia
CONCLUSÃO:
" Não se trata de sermos um país rico, mas sim de uma República de BANANAS !"
Recebi essa contribuição via email de minha esposa Claudia Magda e percebo que a mesma faz parte do blog: Boilerdo (o qual recomendo, por seu viés ideológico coerente)
Estamos
num refeitório estudantil, de uma universidade alemã. Uma aluna
loirinha e indiscutivelmente germânica retira seu bandejão com o prato
do dia e vai se sentar em uma mesa. Então,descobre que esqueceu de pegar
os talheres, e volta para buscá-los. Ao regressar, descobre com
surpresa que um rapaz negro – a julgar por seu aspecto, vindo
provavelmente de algum lugar bem ao sul do Saara – tinha se sentado no
seu lugar, e estava comendo da sua bandeja. No
começo, a garota se sente desconcertada e agredida, mas logo corrige seu
pensamento inicial e supõe que o africano não está acostumado ao
sentido de propriedade privada e de intimidade do europeu, ou quem sabem
não tenha dinheiro suficiente para comprar sua própria comida, apesar
de a bandeja universitária ser até barata, considerando o elevado custo
de vida do seu rico país. A garota, portanto,
decide se sentar em frente ao sujeito, sorrindo amistosamente, o que o
rapaz negro responde com outro sorriso pacífico. Em seguida, a alemã
começa a comer da comida que está na bandeja em frente aos dois,
tentando demonstrar a maior naturalidade possível, compartilhando aquela
refeição com o colega com saborosa generosidade e cortesia. Assim, ele
vai comendo a salada, enquanto ela aproveita a sopa, ambos beliscam
igualitariamente o mesmo refogado, até limpar o prato, até que ele
escolhe o iogurte de sobremesa, enquanto ela prefere a fruta. Tudo isso
acompanhado de diversas expressões educadas, tímidas por parte do rapaz,
suavemente condescendente e compreensivas por parte dela.
Terminado
o almoço, a aluna alemã se levanta para ir buscar um café. E então
descobre, na mesa que estava logo atrás dela, sua própria jaqueta
colocada sobre o braço de uma cadeira, e em frente a esta, uma bandeja
de comida intacta. Dedico esta história
deliciosa, que além do mais é verídica, a todos aqueles espanhóis (nota
do tradutor: e se poderia estender também aos brasileiros) que no fundo
nutrem um enorme receio pelos imigrantes e os consideram indivíduos
inferiores. A todas essas pessoas que, ainda que bem intencionadas,
observam o mundo com condescendência e paternalismo. Será melhor se nos
livramos dos prejuízos, ou corremos o risco de fazer o mesmo ridículo
que a pobre alemã, que pensava ser o cúmulo da civilização, enquanto o
africano, ele sim imensamente educado, a deixou comer de sua bandeja,
talvez pensando: "acho que esses europeus estão mesmo malucos". Do Pragmatismo Político
Quero também aproveitando o tema da última postagem (pessoas dependentes de sexo) e postar um site muito simples, direto e extremamente bem informado (sem preconceito) sobre dependências químicas, se você tem alguém que ama ou estima e deseja ajudar indique este site !
A postagem de hoje é de uma reportagem de extrema importância da revista Época, o que por muitos é considerado safadeza ou outras expressões "chulas" é na verdade uma patologia, aliás se as pessoas estudassem mais Freud talvez seriam menos preconceituosas....
"Eu sou viciado em sexo"
O drama de quem perdeu a família, o emprego e
até a saúde para atender a um desejo insaciável e doentio. Como
identificar e tratar esse distúrbio do prazer
LETÍCIA SORG
|
Ricardo, engenheiro carioca de 41 anos, passou grande parte de seus
anos de faculdade na noite. Saía desde terça-feira e se achava um
garanhão: fazia sucesso com as amigas dos amigos. Quando não havia mais a
quem ser apresentado, Ricardo passou a dedicar cada vez mais tempo a
encontrar novas parceiras. Os amigos, as conversas e mesmo os estudos
foram ficando para trás. A qualquer lugar que ia, sua preocupação era
encontrar mulheres. A urgência era tão grande que um dia foi pego por um
policial fazendo sexo com uma mulher dentro do carro, na Lagoa Rodrigo
de Freitas. Por pouco não foi parar na delegacia. Desconfiou que tinha
um problema quando a fixação no sexo o levou a trancar a faculdade.
• Mário, um profissional de saúde paranaense de 40 anos, tinha um bom
relacionamento com a mulher, mas sempre se sentiu atraído por homens.
Nunca transformara o desejo em prática, até que, num bate-papo on-line,
marcou encontro com um desconhecido. Depois do primeiro, seguiram-se
vários nos dois anos seguintes. Em uma semana, foram oito. Mário nem
sabia seus nomes. Envergonhava-se daquele comportamento e o escondia. Um
dia, descuidou-se. Deixou o programa de chat aberto no computador. A
mulher descobriu e, arrasada, pediu a separação. Depois do divórcio,
Mário entrou em depressão, começou a beber e, com medo de se tornar
dependente de álcool, decidiu buscar ajuda. Descobriu no Alcoólicos
Anônimos que seu problema não era a bebida, mas o sexo.
• Hugo, um corretor de seguros de 40 anos, de Fortaleza, tentou três
vezes seduzir a própria sogra. Colocou a culpa na bebida, mas era só a
fantasia crescendo. Quando ia para a praia, tinha de se masturbar no mar
e, mesmo casado, tinha relações com várias mulheres, prostitutas entre
elas. Chegou a pagar passagem de avião e hospedagem para uma delas
visitá-lo. Um dia, voltando de uma festa em que não tinha ficado com
ninguém, decidiu passar pela Avenida Beira-Mar, ponto de programas. Com o
cartão de crédito estourado e sem dinheiro no banco, foi parar na casa
de uma prostituta na favela e pagou com um tíquete-refeição. Nesse
momento, percebeu que sua relação com o sexo não era como a de seus
amigos.
• Caio, um produtor musical de 48 anos, de São Paulo, viu sua vida
sexual com a mulher murchar depois do nascimento da primeira filha. Na
mesma época, suas viagens a trabalho se intensificaram. Longe de casa,
num ambiente de festas, drogas e sexo, começou a ter aventuras. Durante a
semana, voltava para a família e se acalmava. Mas a ansiedade por novos
encontros aumentou, e Caio chegou a se hospedar sozinho num hotel em
São Paulo em busca de mulheres. Numa das viagens de trabalho, numa
festa, bebeu um pouco a mais e acabou ficando com um homem, mesmo sem
nunca ter tido experiências homossexuais. Sua mulher desconfiou quando
descobriu uma doença venérea.
• Cátia, uma economista de 54 anos que mora no Rio de Janeiro, não teve
muitos parceiros. Mas sua vida era tragada pelo sexo dentro dos
relacionamentos. Passou uma semana trancada no quarto, deixando para
trás o trabalho num órgão público e o cuidado com as duas filhas. A
necessidade de sexo se sobrepunha até às orientações médicas de parar de
transar durante tratamentos ginecológicos. Depois de várias relações
intensas e destrutivas, Cátia perdeu o controle sobre o próprio desejo.
Com o fim do último relacionamento, passou a se masturbar dirigindo e
também no ambiente de trabalho.
Dependência de sexo, comportamento sexual compulsivo e transtorno
hipersexual. Há dúvidas sobre como classificar o distúrbio de Ricardo,
Mário, Hugo, Caio e Cátia (os nomes são falsos), que acabaram buscando
ajuda médica ou psicológica. O debate sobre o que os aflige acontece há
mais de um século. A primeira referência vem do psiquiatra alemão
Richard von Krafft-Ebing, em seu livro Psicopatias sexuais, de
1886. Na obra, ele tenta categorizar o que chama de “desvios sexuais”.
Discute a homossexualidade, o sadismo, o fetichismo e o que antigamente
se chamava de ninfomania, o excesso feminino de sexo. Muitos dos
comportamentos que Krafft-Ebing descreveu deixaram de ser considerados
patológicos ao longo dos anos, das mudanças sociais e do avanço das
pesquisas. O caso mais notório é a homossexualidade.
A mensagem
Para vocêO desejo sexual, quando atrapalha outras áreas da vida, pode não ser saudável Para a sociedadeÉ difícil estabelecer um padrão de normalidade para o sexo sem moralismos. Os limites são individuais
Mas o “desejo sexual excessivo” entrou para o rol do Código
Internacional de Doenças, publicado pela Organização Mundial da Saúde. A
quarta edição do Manual estatístico de doenças mentais (DSM,
na sigla em inglês), a referência dos diagnósticos psiquiátricos, não
tem uma categoria própria para o problema. Cita o comportamento sexual
excessivo entre os “transtornos sexuais não especificados”. A próxima
edição do DSM, prevista para 2013, deverá incluir uma menção a
“transtorno hipersexual”.
É pouco provável, porém, que a nova classificação encerre o debate. Por
dois motivos. Primeiro, porque sempre foi e será difícil estabelecer os
parâmetros de normalidade do comportamento sexual humano. Não existe um
limite ideal para o número de orgasmos ou para o tempo gasto com
fantasias ou relações sexuais. Segundo, porque a quantidade de sexo,
como sugere o termo “hipersexualidade”, não é o fator decisivo para o
diagnóstico. “A dependência sexual não tem a ver com a intensidade da
atividade sexual. Nem com sua frequência”, disse a ÉPOCA o psicólogo
americano Patrick Carnes, fundador do International Institute for Trauma
and Addiction
Professionals e um dos pioneiros do estudo da dependência sexual. “A
principal marca do vício são as consequências que alguém sofre por causa
de sua atividade sexual.” Se a pessoa perde o emprego, para de estudar
ou se afasta da família por causa do sexo, é sinal de que há algo
errado. “Quando alguém passa todo o tempo pensando em sexo, planejando,
fazendo e se arrependendo, em vez de trabalhar, curtir a família, os
amigos e outras atividades prazerosas, é um problema”, afirma Carnes. Sexo, crack e cocaína Ricardo, Mário, Hugo, Caio e
Cátia consideram-se dependentes de sexo. Em muitos momentos, referem-se
ao sexo como os dependentes químicos falam do álcool ou da cocaína,
sempre exigindo doses mais altas em intervalos cada vez menores. “Foi
como injetar droga na veia”, diz Ricardo. “Cada um acha o barato que
encaixa melhor.” Ou Mário: “Prometia que não faria mais, mas não
conseguia. Era infinitamente mais forte que eu”. Hugo diz que, na
recuperação, teve síndrome de abstinência, com insônia. “Eu me sentia
refém. Era uma vontade interminável que não se satisfazia”, diz Cátia.
É possível depender de sexo como de cocaína ou crack? Para alguns
cientistas, apenas o vício gerado por substâncias externas pode ser
chamado de dependência. Outros afirmam que as pessoas podem viciar-se em
sexo e outros comportamentos. As alterações químicas do cérebro durante
o ato sexual justificam essa interpretação mais ampla da dependência. O
orgasmo ativa, no cérebro, o mesmo circuito do prazer que as drogas e,
como elas, libera a mesma substância neurotransmissora, a dopamina. O
uso repetido de drogas pode modificar a estrutura e a função desse
circuito cerebral, gerando as características da dependência: aumento de
tolerância à substância, crise de abstinência, compulsão e recaída.
Ainda não há estudos que mostrem que o sexo seja capaz de promover esse
tipo de alteração neurológica. Mas há motivos para acreditar que
fatores biológicos tenham participação no excesso de sexo. Alguns tipos
de demência podem causar um aumento do desejo sexual. Certos remédios
usados no tratamento de mal de Parkinson também podem elevar a libido.
Eles alteram o efeito da dopamina, o mesmo neurotransmissor do prazer
sexual. “Isso reforça a ideia de que existe algo diferente no
funcionamento do cérebro de quem é compulsivo por sexo”, diz o
psiquiatra Marco de Tubino Scanavino, responsável pelo Ambulatório de
Impulso Sexual Excessivo do Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo.
A química do cérebro é, porém, apenas parte da explicação para o
problema de Ricardo, Mário, Hugo, Caio e Cátia. Assim como nem todas as
pessoas que experimentam drogas ficam dependentes, apenas uma pequena
parcela da população sexualmente ativa desenvolve uma compulsão por
sexo. O psicólogo Patrick Carnes estima que 3% a 6% das pessoas se
enquadrem nessa categoria. Isso significaria, no Brasil, mais de 9
milhões de pessoas. A grande maioria homens – o sexo masculino
representa entre 80% e 90% dos dependentes, segundo estudos.
Gostar de fazer sexo – e fazer com muita frequência – não significa uma
relação de dependência com esse tipo de prazer. Celebridades que já se
declararam “viciadas em sexo”, como o rapper Kanye West, o ator Michael
Douglas, o golfista Tiger Woods e a apresentadora Adriane Galisteu (leia o quadro ao lado),
dificilmente se encaixam nesse perfil. “Essas celebridades que se dizem
viciadas em sexo estão banalizando o conceito”, afirma o psicólogo
Thiago de Almeida, especialista em questões de relacionamento. Em geral,
os famosos têm muito mais oportunidades que alguém comum de fazer sexo
porque são mais admirados e assediados. E podem, se quiserem,
aproveitar-se disso, relacionando-se com vários parceiros. Eles podem
até se apropriar do diagnóstico para justificar escapadas conjugais e
tentar reverter uma crise de imagem. Foi o que fez o parlamentar
americano Anthony Wiener, que procurou tratamento depois que suas fotos e
mensagens de conteúdo sexual para usuárias do Twitter foram
descobertas. Esse comportamento não torna essas pessoas dependentes, no
sentido clínico.
Como identificar a dependência? “Ter
uma expressão maior da sexualidade, em si, não é um problema”, diz o
psicólogo Oswaldo Rodrigues Junior, diretor da Sociedade Brasileira de
Sexualidade Humana. “O problema fica flagrante quando essa sexualidade
não está funcionando a favor da pessoa e prejudica outras áreas da
vida.” Ricardo patinou no início da carreira – justamente no período em
que deveria ter mais gás para trabalhar – porque estava totalmente
fixado em sexo. Para manter a busca por parceiros, Mário terceirizou o
gerenciamento de sua clínica, foi passado para trás e perdeu pacientes.
Por causa do vício, Hugo foi preterido em diversas oportunidades de
promoção e acabou demitido da empresa multinacional em que trabalhava.
Caio não teve problemas no trabalho, mas suas mentiras e traições por
pouco não arruinaram seu convívio com a família. Cátia foi ao fundo do
poço emocional com o fim do último namoro, há sete anos, e não se
envolveu mais com ninguém.
Nem sempre quem sofre de dependência sexual consegue identificá-la com
facilidade. “Em geral, o comportamento compulsivo começa no final da
adolescência, início da vida adulta, e vai se agravando ao longo dos
anos. Por isso, é difícil reconhecê-lo logo de cara”, diz o psiquiatra
Marco Scanavino. O filme Shame (Vergonha), que estreará no
Brasil em 2 de março, mostra esse processo de degradação relacionado à
dependência sexual. No início da trama, Brandon Sullivan (interpretado
por Michael Fassbender) é um jovem nova-iorquino de 30 e poucos anos,
bem-sucedido, boa-pinta, que paquera as moças no metrô e conquista as
gatinhas da balada. À medida que o enredo avança, Sullivan revela-se
incapaz de criar relações com outras pessoas e de conter seus impulsos
sexuais. Esse descontrole, como anuncia o tom sombrio do filme, leva-o a
consequências trágicas. O diretor Steve McQueen foge dos julgamentos
morais simplificados. O ponto principal do filme não é o comportamento
sexual de Sullivan, que recorre à prostituição, à pornografia on-line, à
masturbação e às relações casuais. Mas sim a insatisfação que permanece
mesmo depois de tanto sexo. É comum alguém com compulsão sexual sentir
um vazio, mal-estar ou desânimo assim que o orgasmo termina.
Esses sentimentos negativos após o ato refletem, em geral, duas
situações problemáticas, segundo os psiquiatras. A primeira é o uso
inadequado do sexo. As relações sexuais são um meio de reprodução, uma
fonte de prazer e uma forma de estreitar a relação com o parceiro. E não
uma forma de buscar aprovação do parceiro, diminuir a ansiedade antes
de uma prova ou descarregar depois de uma bronca do chefe.
Eventualmente, o sexo pode até cumprir essas funções. Mas não pode ser a
única estratégia do indivíduo para lidar com essas questões
corriqueiras. “O sexo, em si, não é bom ou ruim”, afirma o psiquiatra
Aderbal Vieira Junior, coordenador do Ambulatório de Tratamento do Sexo
Patológico da Universidade Federal de São Paulo. “O que faz diferença é o
sentido que atribuímos a ele. E é esse sentido que os pacientes
precisam resgatar.”
O produtor Caio descobriu, em sessões de terapia, os motivos por trás
de suas escapadas. “Tinha a ver com uma busca por aprovação e sucesso”,
diz. “Precisava seduzir as meninas para me sentir vitorioso.” A
economista Cátia concluiu, em sessões do grupo Dependentes de Amor e
Sexo Anônimos (Dasa), que trocava sexo por afeto com seus parceiros, em
relações destrutivas. “Usava o sexo para me automedicar”, afirma Hugo.
Ele se refere às alterações químicas provocadas pelo sexo em seu
cérebro. Num processo semelhante ao que ocorre com os dependentes
químicos, Hugo precisava da “droga” não para ficar bem, mas para se
sentir apenas normal.
O sexo entrou cedo na vida de Hugo. Cedo demais. Quando tinha 5 anos, a
filha de um casal amigo de seus pais, então com 17, 18 anos, abusou
dele. Embora não seja regra, o abuso sexual na infância e na
adolescência pode aumentar a predisposição à compulsão sexual na vida
adulta. Outro fator de risco, segundo estudos, é ter um histórico de
dependência próprio ou na família. Esse foi o caso de Ricardo, cujo pai
era alcoólatra, e de Cátia, que tem três irmãos dependentes químicos.
Ser compulsivo em outros comportamentos – como compras ou comida –
também aumenta as chances, assim como ter outras condições
psiquiátricas, como transtorno de ansiedade ou de deficit de atenção.
Além do uso inadequado do sexo, a segunda causa para sentimentos
negativos após o ato sexual é o descasamento entre o comportamento da
pessoa e seus próprios valores. “Tinha uma atitude que não queria ter,
mas não conseguia conter, e me sentia mal depois”, diz Hugo sobre as
traições. Essa falha em atender às expectativas internas é uma fonte de
estresse e mal-estar. Arrependimento, culpa e vergonha são palavras
comuns entre os compulsivos para descrever o que sentem depois de
fantasiar, se masturbar ou trair. Mesmo olhar pornografia ou se excitar
no banheiro despertam essa reação negativa. Apesar de menos danosos para
os relacionamentos do que uma traição, esses comportamentos são
problemáticos para quem tem dependência, porque mantêm o padrão
compulsivo.
Ter sentimentos ruins relacionados ao sexo é um importante critério
para o diagnóstico da dependência sexual. “É preciso cuidado para não
emprestar o discurso médico ao discurso moral”, diz o psiquiatra Aderbal
Junior. “O padrão aparentemente disfuncional em relação ao sexo pode
não ser dependência, mas escolha.” Para ele, o trabalho do profissional
de saúde é ajudar as pessoas a adequar seus comportamentos a seus
projetos de vida – não às regras morais da sociedade. Segundo esse
raciocínio, só é dependente sexual quem se reconhece como tal – e
procura ajuda.
Para quem está em dúvida, os médicos brasileiros adaptaram um teste
elaborado pelo psicólogo americano Patrick Carnes nos anos 1980 (faça o
teste abaixo). A escala é usada pelos profissionais de saúde para
levantar indícios do problema. Pornografia On-Line
Em grande parte das vezes, não é o próprio dependente quem procura
socorro. Segundo um estudo do psiquiatra americano Stephen Levine que
será publicado neste mês na revista Neuropsychiatry, os homens –
a maioria entre os compulsivos sexuais – acabam indo buscar ajuda
intimados pelas parceiras. Foi o caso de Caio, que chegou ao psiquiatra
por indicação do ginecologista que atendeu sua mulher. Ela tinha ido
fazer o tratamento para a doença venérea que o marido lhe transmitira.
Um dos sinais que merecem atenção é o uso de pornografia, especialmente
on-line. Alguns especialistas chegaram a dizer que o mundo digital é o
“crack da compulsão sexual”. Mas a internet, sozinha, não é capaz de
causar uma dependência de sexo. “A pornografia na internet e a
masturbação, por si sós, não são um problema”, diz Carnes. A facilidade
de acesso a conteúdo adulto pode, é claro, ser tentadora para quem já
tem dificuldade de controlar seus impulsos. Hugo começou a frequentar
com sua mulher um grupo de reflexão de casais na igreja. Várias vezes
chegava atrasado porque não conseguia sair de casa a tempo. Ficava
navegando por páginas pornográficas. Desde que entrou para o Dasa,
decidiu usar o computador apenas quando tem alguém por perto. No grupo
anônimo, os integrantes são incentivados a analisar o próprio
comportamento e a estabelecer estratégias para lidar com a compulsão num
programa de 12 passos, nos moldes do criado pelos Alcoólicos Anônimos
na década de 1930, nos Estados Unidos.
Também em recuperação no Dasa, o paranaense Mário deixou de usar
identidades falsas na rede. Era com uma conta secreta que ele marcava
seus encontros com outros homens. No início, Mário até tentou falar
sobre seu desejo por homens com a mulher, mas ela não quis ouvir. “Temos
um ditado na irmandade: o tamanho de sua compulsão é o tamanho de seu
segredo”, afirma Mário. “Como não podia falar, como tinha de ficar em
sigilo, aquilo era uma fonte de sofrimento, vergonha e ansiedade.”
Uma das principais dificuldades para o tratamento adequado do vício em
sexo é a falta de um interlocutor para falar do problema. Há poucos
centros de atendimento especializado, como o Ambulatório de Impulso
Sexual Excessivo do Hospital das Clínicas e o Programa de Orientação e
Atendimento a Dependentes da Unifesp, ambos em São Paulo, e poucos
profissionais de saúde que saibam lidar com o tema. “Por isso, muitas
vezes grupos como o Dasa acabam sendo a única alternativa”, afirma o
psicólogo Oswaldo Rodrigues Junior.
Com mais informações disponíveis a respeito da dependência sexual, é
provável que pessoas como Ricardo, Mário, Hugo, Caio e Cátia busquem
tratamento mais cedo. E possam falar mais abertamente de seu problema.
“Quando se fala em compulsão sexual, as pessoas levam para a brincadeira
ou para o lado moral”, diz Hugo. “Muitos ainda dizem que não existe,
mas só quem viveu sabe como é ruim.”