terça-feira, 4 de janeiro de 2011

TEXTO DO MEU PROFESSOR DE FILOSOFIA DR. JULVAN MOREIRA/UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS

Não sou daqueles que colecionam citações, mas algumas delas marcaram de tal forma o meu coração e espirito que, mesmo ao correr de dezenas de anos, nunca as esqueci. Exemplo disso são estas palavras de Santo Agostinho: “As pessoas viajam para admirar a altura das montanhas, as gigantescas ondas dos mares, o movimento das estrelas no céu, o longo caminho de um rio, o vasto domínio de um oceano, e, no entanto, elas passam por si mesmas sem se admirarem”.



Para o santo-filósofo, o homem é uma grandiosa obra de Deus e, por isso mesmo, admirável em diversos aspectos. Eu, no entanto, nunca fui de me admirar. Desenvolveu-se dentro de mim uma autocrítica minuciosa e mesmo malvada, a qual só faz repetir: “Não está bom!”, “Não está belo!”, “Não está como devia ser!”, “Falta algo aqui!”, “Sobra algo ali!”, e — em alguns casos, cruel — “Por que não desiste de uma vez?” Não, Santo Agostinho jamais aprovaria tal atitude autodepreciativa, bem sei, mas não vejo sentido em fingir que ela inexista, porque seria um ato inútil, um ato de indesculpável tolice.


Quisera poder ser menos autocrítico e admirar-me um pouquinho mais. É bom, é mais saudável, dizem. Sou, entretanto, em minha triste vida de observador perspicaz das mazelas do homem em sociedade, um pessimista, pois não vejo nuvens no horizonte, mas pressinto que elas não tardarão a chegar. Espero sempre o pior — que coisa feia de dizer.


Neste ano de 2010 aconteceu-me de receber outra prova de que é preciso manter aceso o pavio roto da esperança, porque nem tudo se desperdiça, nem tudo escoa para o abismo tenebroso da indiferença ou do desmerecimento. Consegui tantas coisas que me foram gratificantes, comoventes, que remeteram meu coração e meu espírito àquelas palavras de Santo Agostinho.


Intuo que 2011 haverá mais das maravilhas de Deus do que podemos imaginar, e isso não nos deve envaidecer, porque a vaidade é uma tolice que só alimenta criaturas iludidas com o mundo das aparências (não é meu caso), e sim nos encantar e tranquilizar o coração.


Feliz 2011






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